quarta-feira, 12 de março de 2014

Brzezinski: A Polônia merece o cargo de Secretário-Geral da OTAN.

Prof. Zbigniew Brzeziński (Fot. Agata Grzybowska / Agencja Gazeta)
"O Polaco enérgico com conhecimento das áreas potencialmente de maior risco seria uma escolha muito boa como novo secretário-geral da OTAN", declarou em uma entrevista para a Agência Governamental de Notícias - PAP,  da Polônia, o professor Zbigniew Brzezinski.

Brzezinski foi conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos durante a presidência de Jimmy Carter, nos anos de 1977 a 1981, e no momento membro do Centro de Washington para Estudos Internacionais (CSIS).

Zbigniew Kazimierz Brzezinski nasceu em Varsóvia, em 28 de Março de 1928. Recebeu do governo da Polônia a condecoração de cavaleiro da Ordem da Águia Branca. Imigrou com os pais para Montreal, no Canadá, em 1938, onde seu pai exerceu o cargo de Cônsul Geral da Polônia.
Em 1953, defendeu tese de doutoramento em Ciências Políticas na Universidade de Harvard. Em 1958, obtêm cidadania Norte-americana...e desde então nunca mais deixou os Estados Unidos.

Conhecido por sua posição intervencionista em política externa, em uma época na qual o Partido Democrata tendia de modo crescente ao isolacionismo, sua política externa realista é considerada por alguns como a resposta Democrata ao realismo de Henry Kissinger, do Partido Republicano.

PAP: Como a admissão na OTAN em 1999, dos três primeiros países pós-comunistas Polônia, Hungria e República Checa mudou a ordem internacional?

Zbigniew Brzezinski: Simplificando, o alargamento da OTAN(Organização do Tratado do Atlântico Norte) acabou com a divisão da Europa. Se os antigos países comunistas da OTAN fossem excluídos, tudo o que aconteceu no final dos anos 80 e no início dos anos 90, eles estariam constantemente expostos ao perigo, e até mesmo - como mostram os recentes acontecimentos na Ucrânia - a uma ação hostil. Há um velho ditado americano: " Boas cercas fazem mais por melhores vizinhos. Adesão à OTAN é como uma cerca, para que, num relacionamento de longo prazo com uma superpotência agressiva, o que fica a leste, torna-se mais cordial.

PAP: Há 15 anos nos EUA, no entanto, existiam vozes contrárias que expressaram preocupação de que a expansão da OTAN iria piorar as relações com a Rússia. Como o senhor avalia isso hoje?

ZB: Sim, havia pessoas que expressam tais pontos de vista, mas eles eram muito míope. Como os eventos recentes, não só na Ucrânia, mas antes na Geórgia e é possível que, no futuro, na Ásia Central, tendo em conta as aspirações territoriais da Rússia sobre o Cazaquistão, a Rússia pode vir a ser muito agressiva.

PAP: Que papel nas negociações para a admissão na OTAN, desempenhou o caso do polaco coronel Ryszard Kuklinski e sua reabilitação na Polônia?

(obs. Kuklinski, foi um oficial do exército polaco que desde o início dos anos 70, tornou-se uma das mais valiosas fontes de inteligência dos EUA no bloco soviético. Ele foi condenado à revelia por traição pela Polônia Comunista e tornado herói pela Polônia democratizada).

ZB: Kuklinski foi importante para reforçar a segurança dos EUA, de modo que seria irônico se a América concordasse com a adesão da Polônia OTAN e ao mesmo tempo, a Polônia continuasse a demonizar e a punir Kuklinski. Era simplesmente uma questão de bom senso. Compreendo que o presidente Kwaśniewski e o primeiro-ministro Miller depois de várias conversas comigo "apertaram os dentes" e foram capazes de resolver esse problema.

PAP: Em junho o senhor escreveu no Twitter que "a Polônia, é o maior aliado da OTAN na Europa Central, e portanto, merece o cargo de Secretário-Geral da organização." Cinco anos atrás, um candidato para o cargo foi o ministro das Relações Exteriores Radosław Sikorski, mas reunidos na reunião de cúpula em Estrasburgo os líderes escolheram o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen. Por que agora escolheriam um polaco?

Z.B: Eu não mudei de idéia. Talvez os acontecimentos das últimas semanas na Ucrânia sejam ainda a confirmação da minha opinião de que o enérgico e bem- informado ministro seja o Secretário-Geral da OTAN, com sensibilidade para os problemas dos potenciais de maior risco ele seria uma escolha muito boa. Mas se não for desta vez, então será o próximo.

PAP: O senhor aconselharia uma maior expansão da OTAN?

ZB: Na minha opinião, a adesão na OTAN não é um ato de caridade, mas um ato de garantia mútua pelo estado de prontidão em participar plenamente da Aliança e contribuir para a sua eficácia militar. Eu acho que os países, percebendo como ato de caridade, simplesmente enfraquecem a OTAN. Alguns países podem ser membros da União Europeia, sem ser membro da organização. Na verdade, esses países, se jogarem um papel positivo na UE, são indiretamente protegidos pela OTAN. O maior problema é, na minha opinião que estes países, sendo membros da União Europeia e da OTAN, em várias ocasiões se comportam na organização como um bloqueio potencial, usando a exigência de unanimidade nas decisões da Aliança.

A situação na Crimeia é de fundo histórico e não político

Mapa da República Polônia-Lituânia de 1619, onde se vê que a Crimeia era um Canato Turco 
Podem até ter havido manifestantes neonazistas em Kiev...Mas a questão é muito mais antiga...a Crimeia era grega e foi ocupada por mongóis (tártaros). Nunca na história aquele povo foi russo... Nem antes, nem agora! O que houve foi ocupação e deslocamento de russos para terras invadidas, imposição do idioma russo sob pena de morte, e agora farta distribuição de passaportes russos a cidadãos de outras nacionalidades e países com o pretexto para proteção de "seus cidadãos".
Quando os russos de Romanov invadiram a Crimeia também invadiram a Polônia em 1793. Não existia Ucrânia (criada em 1922 pelos soviéticos em resposta a derrota na Guerra Polaco-Russa de 1920).
O povo da nova República Soviética era ruteno (assim eram chamados os ucranianos), que viviam em terras da Polônia desde a queda do Principado Kievano (criado pelos Vikings em terras da Europa Central) e que nesse período ganharam um território, um estado e um nome para seu país: Ucrânia.

Por que Catarina a Grande, prima do Rei eleito da Polônia August Poniatowski, invadiu a Polônia???
Porque os polacos vinham dando mau exemplo aos reinos hereditários da Europa desde 1453, quando junto com a Lituânia, criaram a República das duas Nações, com um congresso estabelecido e eleições para rei...a hereditariedade de uma única família caiu por terra.

Por que Catarina a Grande, junto com Austria e Prússia invadiu a Polônia em 1793?
Porque a República polaca (seguida pelos EUA de 1776 e França de 1792) ousou estabelecer uma Constituição, a de 3 de maio de 1791 numa Europa de Reinos totalitários, ungidos pela Igreja Católica Romana.

Por que Catarina a Grande invadiu a Polônia e a Crimeia no século 17?
Porque nem todos os congressistas polacos concordavam com os destinos da República com a queda do "Liberum Veto" da Constituição de 3 de maio, e se conflagraram contra o próprio país e se aliaram aos três invasores, na conhecida Confederação de Bar (cidade hoje na Ucrânia e fundada pela rainha da Polônia, Bona Sforza (do Reino de Bari, atualmente cidade italiana).

Quando, em 1918, a Polônia recupera seu Estado (apagado do mapa por russos, austríacos e alemães), na Rússia havia acontecido a revolução Bolcheviki em 1917. Os comunistas estabelecidos no poder não quiseram perder as terras invadidas por Romanov em 1793...E invadiram novamente a Polônia em 1920.
Só que levaram mais uma surra dos polacos, como havia acontecido em 1612, quando o rei polaco Władysław entrou vitorioso no Principado de Moscou (não existia a Rússia até então).
Como consequência, os moscovitas após alguns anos conseguiram criar o reino da Rússia, o que só foi possível, com o desleixo de Varsóvia para com terras tão distantes.
Mas o pior de tudo isso foi o ódio eterno que os russos passaram a nutrir pelos polacos.
Assim, a questão dos passaportes russos dados por Putin, aos chechenos, aos georgianos da Ossetia do Norte, da Ossetia do Sul, da Abicassia e agora, aos ucranianos de fala russa da Crimeia....Não tem absolutamente nada a ver com esse discurso comunista do PCB e do PCdoB sobre a questão...
O que deseja o ex-chefe da KGB é reconstruir a Grande Rússia dos Romanov, a Rússia da União Soviética, esta derrubada por uns eletricistas e mineiros polacos das cidades de Gdansk e Katowice....
Coisas como fornecimento de gás russo a Itália, Alemanha, França são muitos factuais diante de uma história de agressões mútuas entre Polônia e Rússia.
E na questão Ocidente X Oriente... o Ocidente está ainda em grande dívida com a Polônia....pois ao abandoná-la aos facismo stalinista (esse regime nunca foi de esquerda) deu dinheiro para reconstruir a Alemanha nazista através do Plano Marshal...deu dinheiro aos agressores e abandonou as vítimas polacas da segunda guerra mundial...
As questões da antiga Iugoslávia (Eslavos do Sul) República Soviética criada no decorrer dos acontecimentos pós primeira guerra mundial, e seu desmantelamento pós a queda da União Soviética... também tem a ver apenas com os ideais de Pan-eslavismo imaginados tanto por polacos quanto por Russos, tanto por Pilsudski quanto por Lenin.
E portanto, a questão no momento, vivida pela Ucrânia e Crimeia, passa ao largo de comunistas x nazistas, direita x esquerda....quem não percebe isso e tenta explicações sob o viés de cada uma das visões incorre em erro histórico.